A dor no joelho sentida pelos pacientes que recebo possui diversas causas. Um quadro recorrente seria daqueles que portam artrose, um fenômeno natural que faz parte do envelhecimento do organismo, tratando-se do desgaste da cartilagem que reveste as articulações (juntas). Nessa situação em específico, o paciente acaba por perder aquilo que protege seus ossos do joelho (fêmur e tíbia), tornando a região mais frágil e suscetível a dores.
Dessa forma, há de se concluir que os nervos da região estão fazendo seu trabalho de transmissão para o cérebro, o que consiste em uma espécie de aviso ao órgão para notificar que algo não está correto. Desse modo, a denervação entra como o processo que cessará essa comunicação entre nervo e cérebro.
No geral, a denervação pode ser descrita como um procedimento com o uso de ondas de radiofrequência, que culmina na destruição desses nervos. Para sua realização, é preciso identificar a modalidade que precisará ser utilizada, já que cada uma tem sua indicação conforme a localização e a causa da dor. São elas: contínua/convencional, pulsada e refrigerada.
Radiofrequência Contínua/Convencional: a onda de radiofrequência, que percorre o eletrodo até a ponta da agulha, queima o nervo de forma contínua, impedindo que ele conduza o sinal da dor até o cérebro.
Radiofrequência Pulsátil: o gerador, ao invés de emitir ondas de forma contínua, gera pulsos em intervalos definidos. Com isso não é gerado calor suficiente para queimar o nervo, ocorrendo uma modulação das vias da dor pelo campo eletromagnético gerado. Utilizada em estruturas nervosas que, além de carregar impulsos sensitivos, também são responsáveis pela atividade motora dos músculos. Como a técnica não queima o nervo, não há prejuízo na função motora.
Radiofrequência Resfriada: conta com um gotejamento de soro com íons na ponta da sonda que amplia em até oito vezes o volume de calor produzido. Dessa forma, é possível obter melhores resultados em nervos anatomicamente variados e de tamanho maior.
O procedimento, independente da radiofrequência optada, é minimamente invasivo, ou seja, não há cortes, mas com necessidade de ser realizado em um centro cirúrgico por ser feito sob sedação.
Para entender melhor como é o procedimento, deixo aqui um passo a passo do que é realizado.
Feita a anestesia, há a assepsia do joelho, para remover as bactérias e evitar infecção. Depois, utiliza-se um ultrassom ou aparelho de raio X para identificar os locais onde estão os nervos que provocam dor no joelho. Após a identificação de pelo menos 3 nervos, uma agulha bem fina e longa é injetada na região, encostando-a em cada um dos nervos. Em seguida, esses nervos são queimados de forma térmica ou química.
Na forma térmica, é utilizado um aparelho de radiofrequência. Na forma química, é utilizado um produto químico que pode ser o fenol ou o álcool. Em ambos os casos, os nervos de dor são destruídos, o que chamamos de neurólise. Feito isso, a agulha de cada nervo é removida e curativos nos locais onde as agulhas foram injetadas são colocados finalizando assim o procedimento.
A melhora dos sintomas costuma durar de 6 meses a 1 ano após o procedimento, período o qual o paciente deve se dedicar a um programa de reabilitação fisioterápica orientada por profissionais da área. Caso a dor volte, nada impede que o procedimento seja repetido. É importante lembrar que a denervação é extremamente segura e eficaz, com mais de 80% daqueles que se submetem a ela, apresentando melhoras da dor e devolvendo mais de 90% de suas qualidades de vida.