A cartilagem é o revestimento da parte interna das articulações, sendo um importante tecido para o bom funcionamento do joelho e tornozelo. Por ser pobre em vasos sanguíneos e suas células (condrócitos) terem baixa capacidade de duplicação, as lesões da cartilagem possuem baixo potencial de recuperação espontânea e frequentemente necessitam de tratamento cirúrgico. Geralmente, os pacientes apresentam características em comum, sendo pessoas ativas com áreas localizadas de lesão, idade entre 15 e 55 e possuem meniscos íntegros.
Dependendo do tamanho da lesão e de outras características do paciente, optamos por diferentes tipos de cirurgia para tratamento de lesões condrais.
Como regra básica utilizamos:
- lesões pequenas: microfraturas para estimulação biológica associada à membrana biológica recobrindo a lesão.
- lesões intermediárias: transplante osteocondral autólogo onde retiramos cartilagem, do próprio joelho do paciente, de uma área sem carga para tratar uma lesão na área de carga.
- lesões grandes: transplante homólogo.
Também conhecido como transplante homólogo osteocondral a fresco, atua na transferência de um segmento de cartilagem, com osso acoplado, de um doador de órgãos previamente selecionado pelo banco de tecidos. Ou seja, essa cirurgia acaba por ser diferente de outras, porque não adianta só agendar com o paciente e fazer, é preciso aguardar a resposta de solicitação do transplante. Uma curiosidade é que, semelhante ao processo de transplante de órgãos sólidos (como rim e fígado), os doadores são investigados com exames laboratoriais e microbiológicos para evitar a transmissão de doenças contagiosas ou contaminações bacterianas do doador ao paciente.
A técnica desse procedimento tem como objetivo principal ampliar as opções de tratamento das lesões de cartilagem grandes a fim de evitar ou adiar a ocorrência do desgaste generalizado da articulação. Geralmente, não apresenta rejeição significativa e drogas imunossupressoras são desnecessárias. A única compatibilidade necessária é em relação ao tamanho do bloco osteocartilaginoso ser viável a lesão do paciente.
Nesse processo, é possível que o paciente necessite da realização de procedimentos extras para que o transplante tenha maior chance de sucesso. Alguns exemplos desses procedimentos são a reconstrução de ligamentos e osteotomias (cirurgias para corrigir deformidades no osso, por exemplo um varo no joelho).
Em geral, os pacientes ficam com muletas e sem contato com o solo por cerca de 6 semanas. A fisioterapia deve iniciar logo após as primeiras 24 horas de cirurgia para estimular o membro operado com fortalecimento e alongamento. No mais, depois da cirurgia, o paciente deverá ser reavaliado periodicamente por um especialista, assim como nas demais cirurgias. Nesse caso, o melhor a se fazer é ter essas consultas com um ortopedista especialista em joelho para realizar uma avaliação mais embasada.